setembro 03, 2007

na hora

Assim que a porta se fechou atrás dela, balançando na entrada da padaria, avistou o moço saindo da cozinha e chegando no espaço estreito do balcão para despejar uma fornalha de pães ardentes. Chegou perto da atendente e perguntou, meio boba ainda, Saíram agora?!. A garota, com um dia longo nas costas dentro daquele inferno, olhou-a com desprezo e simplesmente acenou com a cabeça.

Esbugalhou os olhos e pediu oito. Enquanto esperava o pacote, olhou sedenta para a parte de frios e varreu as prateleiras numa velocidade incrível, até que avistou a latinha laranja. Pegou os pães embalados e teve certeza “Esses aqui merecem.”.

Quando saiu, nenhuma sombra daquela nuvem pesada de chateações parecia ter sobrevivido. Catou o celular e fechou os olhos por um momento. Vai dizer que sim! Vai dizer que sim! Vai dizer que sim!.

Tenho uma surpresa pra você, pode chegar em 10 minutos? Chegaria em 15, provavelmente, mas o sim já bastava para deixá-la ainda mais radiante. Pelos metros que restavam até alcançar o prédio, parecia uma criança depois de comprar doce. Duas sacolas brancas, uma em cada mão.

Surpreendeu-a na porta do apartamento. Já estava quase aqui quando você me ligou. E o beijo saiu atrevido. Ó! Sente só...

A sintonia mais profunda se percebia enquanto rasgavam o pão, esperavam a manteiga derreter e colocavam aqueles pedaços na boca como se fossem pedaços de céu.

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