junho 30, 2011

pimenta em barril de carvalho

Quando se é adolescente, é comum pensar que se sabe tudo. E ainda mais comum serem esses momentos intercalados por crises de angústia pela incerteza total da vida. 

Não sei se quero fazer medicina ou direito, mas sei que quero morar em Paris.

Depois a gente aprende. Ri e chora do que fez e pensou. Das coisas que disse, dos impulsos que concretizou, das certezas tão infantis. Afinal, aquele olhar não era de tesão, e sim de petulância. Não lhe faltava tempo, mas lhe excedia a desorganização. O arrependimento pela decisão não foi responsabilidade dos coroas, foi falta de coragem mesmo. Há muitas vantagens quando se mora com os pais. Enfim... aquele não foi seu primeiro amor e também não foi aquele seu primeiro orgasmo.

Chega de mansinho o momento em que finalmente compreendemos melhor a linguagem universal do olhar e não confundimos mais desejo alheio com simples curiosidade. Ou, ao menos, acertamos mais quando julgamos uma troca de olhares. 

A vida fica mais acomodada, é bem verdade, e é por isso que temos a impressão de que ela fica mais entediante também. Mas essa já é a ilusão da maturidade. É uma clareza muito mal aproveitada pelos que ultrapassam a adolescência com louvor. 

Afinal, que mundo mágico e divertido pode ser esse o de confundir e o de esclarecer os outros só com o olhar? E esse é só um dos temperos deliciosos que adquirimos com os anos.