agosto 31, 2006

amigos amigos...

- oi
- oi!
- e aí?
- beleza
- tá pronto?
- pra q?
- pro negócio daqui a pouco
- ... ah! não
- estou passando aí em 15 minutos
- não não
- cara... vai logo... já tá tarde
- não... não vou
- q?!?!
- não vou
- pô... vc é um m...
- não cara... sabe... tava pensando... não posso
- pq?
- pq tenho q ler uns textos aqui
- ah... conta outra
- sério
- nada... te conheço. amarelou
- não, meu... é que estou sozinho... e a Lola vai me ligar
- não acredito q vc vai ficar pra conversar com a guria... já não faz isso todos os dias, não?
- ... pois é.... mas hoje... bom... é q não quero ir
- sei pq tu não quer ir
- como é?
- não quer ir pq tá com medo de dar um pé na bunda da coitada
- q?!?!
- confessa... tu tá subindo pelas paredes
- eia! tá me ofendendo
- ah... vá... tu não tem jeito mesmo... é um doido
- bom... se fosse contigo, nem taria aí pra trair a noiva, certo?
- não me bota no meio do rolo... eu tenho uma parada diferente da tua
- é... realmente diferente... qualquer dia vai ter uma surpresa quando chegar em casa mais cedo
- problema maior é ficar adiando a vida
- vc não entende
- não entendo mesmo. te vejo amanhã, então
- falou.

agosto 26, 2006

excesso

Tive dó dela. Um aperto tão grande no peito que me fazia chorar.

Na verdade, algumas vezes, é difícil entender as coisas que se passam dentro de qualquer um. Hoje, acho que consigo desvendar-lhe uma parte. Acho que gosta das solidões momentâneas que obtém quando está na companhia dos que lhe são próximos. De fato, não gosta de estar só. Tem o suportado cada vez menos. E o pior é que, à medida que lhe passam os anos, sua capacidade de amar cresce incalculavelmente, o que diminui de forma drástica sua tolerância ao isolamento.

Foi feita pra voar, é evidente. Mas não como águia. Como andorinha, em bando. E seu terrível defeito de ter exacerbada a qualidade de ceder nunca resolveu seus problemas.

O homem a quem ama perdidamente está longe. Mais uma história do freqüente problema da distância, que, no caso dela, é muito mais que cruel. Na conta, vão ficando os beijos, abraços, amassos e suspiros que já sobrariam se os encontros fossem diários. O calor do seu corpo acaba sempre se perdendo entre os lençóis.

Outro dia, confessou-me ficar sonhando com o final feliz de Mr. Darcy e Lizzie Bennet. Poor thing. O mundo de hoje é muito diferente. Tanto pra melhor, quanto pra pior.

Queria poder ajudá-la, mas nada posso fazer. Por mais que meu coração se desespere. Por mais que meus olhos deságuem. Por mais que minha alma se contorça.

Maldita incerteza dominada pelo tempo. A espera e a ignorância fazem uma combinação quase insuportável.