maio 29, 2008

um

Foi pega de surpresa naquela noite. É provável que nunca mais tivesse um momento tão marcante na frente de uma bilheteria de cinema. Ainda conseguia lembrar de como sentiu o beijo farto e quente em sua bochecha. Podia ver por trás das pálpebras os olhos verdes cheios de surpresa.

Coincidências incríveis essas que nos apresentam ao nosso futuro. Ela não fazia idéia.

Não foi difícil acomodar-se junto a seus amigos deixando um lugar vago ao seu lado. E não foi preciso comunicar a ninguém de quem era aquele espaço. Estranho e sublime magnetismo. Ao lembrar daqueles minutos, reconstituía o sorriso preso pelos lábios ao perceber que o corpo dele respondia como um espelho aos movimentos de seu corpo, no início da sessão.

Pôde libertar os lábios quando, durante os trailers, ele comentou sobre o tapa-olho de Tom Cruise. Mas o sorriso largo reagia menos à piada e mais à toda aquela redoma de curiosidade, satisfação e fascínio que se instalou entre aquelas duas cadeiras.

"O amor nos tempos do cólera".

Quatro pessoas paradas no estacionamento e um momento de silêncio. Curto... quase imperceptível, mas ela compreendeu aqueles segundos como saturados de significado. Ele se despediu dela por último com aquele mesmo beijo único: "muito prazer em conhecê-la".

Nunca se sabe como plantar nós no peito. Só se sabe quando eles vingam.