É perturbador o quanto pensamos de forma binária. É dia ou noite. Está quente ou frio. Estamos trabalhando ou divertindo-nos. Isso é bom ou ruim. Voto sim ou não. Quero ou não quero. Posso ou não posso. Menino ou menina. Casado ou solteiro. Inteligente ou tapado. Bonito ou feio. Existe ou não existe. Real ou irreal.
Acho que as coisas que mais me prendem a atenção acabam sendo as que não se encaixam nesse mundo dicotômico. As que ficam num limbo, na dúvida, na expectativa de resvalar para algum dos lados, mas sempre se mantendo num equilíbrio sutil e instável de eterna investigação.
Minha cabeça trabalha demais em hipóteses, mas, quem sabe, seja um dos meus maiores prazeres. Não por ser o mais intenso - seria uma injustiça com os prazeres do corpo -, mas por ser o mais constante e o mais autônomo.
"...falavam de coisas mínimas, alheias ou próprias, tudo o que bastasse para os reter disfarçadamente na contemplação um do outro." (Machado de Assis, Esaú e Jacó)
janeiro 30, 2016
janeiro 29, 2016
gatilho
O barulho do vinho caindo na taça é tão peculiar que seria possível ter vontade de servi-lo somente para ouvir aquela sequência de notas e pausas. É acolhedor, intrigante.
Precisava me render a ele. Sentar confortavelmente no sofá, inspirar e expirar calmamente a solidão e proceder a uma suave embriaguez diante da chuva. Às vezes, é preciso não ter companhia.
Então, já com outras disposições, rolar os contatos do celular pode ser inspirador. Ou perigoso.
Precisava me render a ele. Sentar confortavelmente no sofá, inspirar e expirar calmamente a solidão e proceder a uma suave embriaguez diante da chuva. Às vezes, é preciso não ter companhia.
Então, já com outras disposições, rolar os contatos do celular pode ser inspirador. Ou perigoso.
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