março 20, 2006

23:27:49

Puxou-a para perto de si. Uma mão, no meio de suas costas, conduziu-a para dentro de seus braços. A outra tocava sua nuca e se enrolava em seus cabelos. Deixou seus lábios tão perto dos dela, fazendo-a ouvir sua respiração calma e alternando seu olhar profundo entre sua boca e seus olhos, que não houve remédio. Ela arrancou-lhe um beijo. Fez isso com certa pressa, com fome. Mas, depois de tanto tempo cultivando aquele desejo, ele queria esticar os segundos, parar o tempo, e apertou-a um pouco mais contra o peito. Isso a amoleceu. E, agora, os lábios se contraíam e relaxavam num balé suave e tenro. Aninhada, ela deslizou seu braço pela cintura dele e chegou às suas costas. Tocou seu pescoço e, com a ponta dos dedos, sentiu a barba mal feita. Não a havia sentido perto dos lábios, só a percebeu nesse momento, abaixo do queixo. Ele enrolou sua mão ainda mais naqueles cabelos e trilhou o caminho até sua orelha com beijos demorados. Suspirou em seu ouvido e simplesmente todos os pêlos do braço dela acordaram. Sentiu-a encolher os ombros e sorriu. Então, mordeu levemente a parte debaixo de sua orelha e suspirou novamente, mas, dessa vez, encheu e esvaziou completamente os pulmões. Viu-a encolher ainda mais o peito e, embriagado por toda aquela ternura, não percebeu que, agora, ela tinha as coxas ouriçadas também. Olhou-a se recompor relaxando o abraço. Não conseguia tirar os olhos daquele sorriso. E quando ela abriu os olhos, ele buscou sua boca mais uma vez, mas com os lábios cerrados. Ela sentiu suas costas perderem o apoio. As mãos dele tocaram seu rosto. Queria dizer-lhe novamente que a amava.

23:59:24

4 comentários:

faissal disse...

como dizem: "quem escreve, vive". lindo isso. lindo demais.

Mythus disse...

31 minutos e 35 segundos? Rápido demais... se fosse eu, seria pelo menos 1 hora. ;^) E no final eu ainda completaria:
"Boa noite.
Durma bem.
Sonhe comigo."

Anônimo disse...

Esse belo jogo merecia uma prorrogação, não merecia?

Anônimo disse...

E nós havemos de falar, até que a melodia do pensamento seja doce demais para ser enunciada, e morra nas palavras, para reviver em olhares, que penetrem com vibrante tom os corações emudecidos. Nossas veias pulsarão juntas. Nossas bocas, com outra eloquência que não as das palavras, eclipsarão...
(Não lembro o final!)
P.B. Shelley