tag:blogger.com,1999:blog-142725692024-03-12T21:14:10.732-03:00coisas mínimas..."...falavam de coisas mínimas, alheias ou próprias, tudo o que bastasse para os reter disfarçadamente na contemplação um do outro." (Machado de Assis, Esaú e Jacó)Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.comBlogger89125tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-51258889800866516082018-12-28T20:01:00.000-02:002018-12-28T20:02:42.250-02:00ma mensagem de garrafaQueima. A alma fervilha e transborda incontrolavelmente pelos olhos inquietos.<br />
<br />
Arritmia. As mãos tremem e os joelhos perderam a estabilidade, então, o melhor é encolher-se. Comprimir-se. Quem sabe, bem apertadas, essas células todas se aquietem. Ilusão.<br />
<br />
É ruim o desespero? Des... espero. Quando não espero. Porque tudo é para agora e mais um minuto de silêncio, de inação, o mundo vai acabar. E VAI acabar. É uma profecia que se confirma a cada milésimo de segundo.<br />
<br />
Você espera. Eu? Desespero. Tenho a nítida impressão de que nunca vamos nos encontrar.Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-88967119426252393042016-05-28T21:38:00.002-03:002016-05-28T21:38:43.069-03:00trickySonhou com ela.<br />
<br />
Ela chegava ofegante por ter corrido para encontrá-lo. Ao chegar na sala, tirava o cachecol, o casaco, largava as bolsas. Ele perguntou como havia sido a viagem. Ela hesitou um tempo. <i>Sim, pois é... foi tudo bem.</i> Não pôde aguentar muito tempo. Agarrou-o num abraço. Tinha urgência. Só então conseguiu respirar com calma, suspirar profundamente.<br />
<br />
Acordou quando ela beijava levemente seu pescoço.<br />
<br />
Passou o café sentindo o seu cheiro.Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-66193572693133810252016-04-17T01:00:00.001-03:002016-04-17T01:00:13.230-03:00capturadasPalavras importam muito. Conseguir combiná-las da melhor forma, para cada ocasião, é uma competência difícil de alcançar. Além de exigir uma formação bem peculiar, colocar em prática uma façanha como essa pressupõe seleção, planejamento, escrita e reescrita, mesmo que o discurso não tenha como objetivo habitar apenas o papel. <div>
<br /></div>
<div>
No entanto, tenho achado chato demais ter que sempre selecionar, planejar, escrever e reescrever, medir as coisas que digo. Queria ter um porto seguro para atracar meu verbo sem filtros, sem regulamentações. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
Quem sabe, esse seja o próprio porto. Pelo menos, é o único disponível no momento. Infelizmente, nele as palavras se perdem no silêncio do horizonte. </div>
Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-75662684338202506672016-01-30T11:48:00.000-02:002016-04-17T01:00:37.620-03:00limboÉ perturbador o quanto pensamos de forma binária. É dia ou noite. Está quente ou frio. Estamos trabalhando ou divertindo-nos. Isso é bom ou ruim. Voto sim ou não. Quero ou não quero. Posso ou não posso. Menino ou menina. Casado ou solteiro. Inteligente ou tapado. Bonito ou feio. Existe ou não existe. Real ou irreal.<br />
<br />
Acho que as coisas que mais me prendem a atenção acabam sendo as que não se encaixam nesse mundo dicotômico. As que ficam num limbo, na dúvida, na expectativa de resvalar para algum dos lados, mas sempre se mantendo num equilíbrio sutil e instável de eterna investigação.<br />
<br />
Minha cabeça trabalha demais em hipóteses, mas, quem sabe, seja um dos meus maiores prazeres. Não por ser o mais intenso - seria uma injustiça com os prazeres do corpo -, mas por ser o mais constante e o mais autônomo.Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-80994986612913401302016-01-29T01:06:00.002-02:002016-04-17T01:00:27.997-03:00gatilhoO barulho do vinho caindo na taça é tão peculiar que seria possível ter vontade de servi-lo somente para ouvir aquela sequência de notas e pausas. É acolhedor, intrigante.<br />
<br />
Precisava me render a ele. Sentar confortavelmente no sofá, inspirar e expirar calmamente a solidão e proceder a uma suave embriaguez diante da chuva. Às vezes, é preciso não ter companhia.<br />
<br />
Então, já com outras disposições, rolar os contatos do celular pode ser inspirador. Ou perigoso.Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-27105239086544023302012-08-14T12:12:00.000-03:002012-08-14T12:12:42.547-03:00angústia
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Às vezes, mesmo
percebendo que todas as conversas são inúteis, parecem que as
palavras ainda podem consertar alguma coisa. Diante de todas as
incompreensões possíveis, ainda firmo o pé, as palavras se soltam
de minha boca na esperança de que alguma delas seja ouvida,
compreendida e acolhida como bálsamo. Nessa tentativa frenética me perco, iludo-me, percebo minha razão e meu afeto se separarem radicalmente em diametral oposição. Como é possível deixar tudo de lado e esperar o tempo assentar as emoções? Apesar de serem muitas,
só um timbre de palavras conseguiria aquietar meu coração.
Reconfortá-lo. Todos os argumentos de timbres diferentes parecem muito certos, mas
não conseguem secar meus olhos. Nisso tudo não há uma só gota de racionalidade.
Quem sabe, só mesmo esses bits
agrupados de oito em oito consigam trazer-me alguma conformação,
como se o registro fosse um definitivo, embora fragmentado, desabafo.
</div>
Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-47605748009222211572011-12-11T00:05:00.001-02:002011-12-11T00:06:01.236-02:00sacia-meFinalmente acordou. Sentiu dificuldade para abrir os olhos e ver decentemente as coisas ao seu redor. A cada pequeníssimo ajuste de foco, a ruga aumentava em sua testa. Não sabia onde estava.<br />
<br />
Depois de alguns minutos tentando decifrar se aquilo era sonho ou se era uma misteriosa realidade, deu-se conta que também não sabia de quando se tratava. Ao repassar na memória o que o tinha levado àquele ponto, descobriu que se esqueceu de quem era.<br />
<br />
Aquilo foi lhe dando um desespero tão grande, tão devastador, que seus olhos, antes irritados com a luminosidade, já não cabiam mais em seu rosto. Algumas lágrimas de pavor já lhe escorriam na face e as mãos, como numa tentativa de silenciar o que não sabia dizer, espremiam a boca contra os dentes. <br />
<br />
Levantou-se da cama e, como um cego, foi tateando a realidade mais próxima. Móveis, roupas tinham que lhe explicar alguma coisa e abriu as gavetas devagar, como se invadisse a privacidade de alguém. Pegou uma camisa e colocou-a sobre o corpo. Sim, aquelas roupas poderiam ser suas, mas vestiu-a para ter certeza. E os vestidos? Achou que não lhe serviriam e nem ousou tocá-los. Mas nada lhe trazia sua história de novo.<br />
<br />
Alcançou uma mesa de trabalho. Tentou ajuda através do laptop, mas como ultrapassar o login? Concentrou-se, então, nos papéis. Algumas contas lhe indicavam um nome que não reconhecia. Seria o seu? Começou a repeti-lo mentalmente, como se quisesse obrigar o cérebro a revelar-lhe algo. Aliás, era exatamente esse o lugar em que precisava procurar por sua vida, mas não sabia como fazê-lo. Pensou que, na pior das hipóteses, poderia telefonar para algum terapeuta que pudesse lhe fazer uma hipnose. Mas preocupou-se com a possibilidade de ser informado sobre suas próprias memórias.<br />
<br />
Foi quando encontrou um celular. Teve um prazer tão grande ao ver aquele aparelho que não pôde conter a manifestação enfática de sua voz, tão silenciada pela visão daquele tudo tão incrivelmente novo. Pôs-se a mexer freneticamente no telefone.<br />
<br />
Mas nenhum pedaço de realidade do qual tivesse notícia lhe era suficiente, porque não buscava informações, buscava inspirações, gatilhos. Queria a ponta da fita que lhe indicasse o caminho para todo o resto, o fio perdido da linha, alguma sombra do caminho de volta. Queria o seu passado, não para conhecê-lo, e sim para reconhecê-lo.O vácuo da sua memória começava a lhe doer o estômago, a lhe dar náuseas, a lhe desencadear uma crise de pânico.<br />
<br />
Porém, antes que a sensação de morte lhe dominasse o corpo e o pensamento, identificou os passos que precederam o barulho do trinco da porta baixando. Ficou paralisado na expectativa de um bálsamo, mas a figura do homem que lhe apareceu à entrada não foi esclarecedora.<br />
<br />
- O que você está fazendo aqui?<br />
<br />
E desmaiou, extenuado.Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-91313623235926035102011-06-30T02:02:00.001-03:002011-06-30T02:02:42.944-03:00pimenta em barril de carvalho<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Quando se é adolescente, é comum pensar que se sabe tudo. E ainda mais comum serem esses momentos intercalados por crises de angústia pela incerteza total da vida. </div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><i>Não sei se quero fazer medicina ou direito, mas sei que quero morar em Paris.</i></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><i><br />
</i></div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Depois a gente aprende. Ri e chora do que fez e pensou. Das coisas que disse, dos impulsos que concretizou, das certezas tão infantis. Afinal, aquele olhar não era de tesão, e sim de petulância. Não lhe faltava tempo, mas lhe excedia a desorganização. O arrependimento pela decisão não foi responsabilidade dos coroas, foi falta de coragem mesmo. Há muitas vantagens quando se mora com os pais. Enfim... aquele não foi seu primeiro amor e também não foi aquele seu primeiro orgasmo.</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Chega de mansinho o momento em que finalmente compreendemos melhor a linguagem universal do olhar e não confundimos mais desejo alheio com simples curiosidade. Ou, ao menos, acertamos mais quando julgamos uma troca de olhares. </div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">A vida fica mais acomodada, é bem verdade, e é por isso que temos a impressão de que ela fica mais entediante também. Mas essa já é a ilusão da maturidade. É uma clareza muito mal aproveitada pelos que ultrapassam a adolescência com louvor. </div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Afinal, que mundo mágico e divertido pode ser esse o de confundir e o de esclarecer os outros só com o olhar? E esse é só um dos temperos deliciosos que adquirimos com os anos.</div>Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-45568559843869547312010-10-01T23:06:00.003-03:002010-10-01T23:25:40.248-03:00baiano"...e com a mesma promessa de nada prometer."<br /><br />Saudades de você, amigo. Do seu olhar inevitavelmente de cima, da sua pele melhor que a minha, da sua gargalhada maliciosa.<br /><br />Saudade do truco, do andar descompromissado e até - vejam só - do cigarro.<br /><br />Vontade de te abraçar me aproveitando dos desníveis de qualquer escada. Vontade de ouvir tuas perguntas e argumentos loucos. Vontade de te explicar o que sei que nunca conseguirei te fazer entender.<br /><br />Traiçoeira teimosia essa que nos habita. Ela é um dos nossos poucos pontos em comum.<br /><br />Amo você, sinceramente. Mas fico rebobinando nossa história em minha memória e desconfio que nossos gênios sempre se agarraram ao mesmo pólo do ímã.<br /><br />Espero que estejas bem. Bronzeado. E espero também que a cerquinha branca já tenha se tornado realidade.<br /><br />Um beijo temperado pra você.Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-35323867562640625612010-06-22T14:52:00.002-03:002010-06-22T15:27:13.124-03:00cansada de terraFlorianópolis. Norte da ilha.<br /><br />A quase solidão numa dessas praias custa um pouco caro. Enrolada em um monte de panos, um gorro por baixo do boné, mãos nos bolsos, ando contra o vento sentindo o ar gelado e úmido cortando minhas bochechas. A ponta do nariz já está anestesiada. Mas a paisagem cinza do final da tarde de inverno não me assusta.<br /><br />Meu maior gosto é ficar assistindo ao mar. Agitado e escuro. Em alguns momentos, minha vontade é de ser engolida por ele. De um golpe só.<br /><br />Assitir a migração dos cardumes. Cuidar de jardins de corais. Virar mulher de Netuno.Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-44241398539931205792010-05-19T14:19:00.004-03:002010-05-19T14:24:41.841-03:00erro de cálculoEncontrou-o na porta da biblioteca. Ela entrando, ele saindo. Sentindo-se atrevida, aproximou-se para lhe dar um beijo no rosto pegando atrás de sua nuca. Não foi obra do acaso. Voluntariamente, não tocou em seu braço, não tocou em seu ombro, como normalmente aconteceria. Tocou, acariciou, com sutilíssima malícia, sua nuca.<br /><br />Era o que bastava. Naquela noite, ele sonhou com ela.<br /><br />Na semana seguinte, ao encontrá-lo na aula, como de costume, ela percebeu, quase sorrindo, seus batimentos acelerados.Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-61720923291987800822009-10-25T11:14:00.003-02:002009-10-25T12:38:55.921-02:00enigmaEle desaguava. Vi de relance seus olhos inchados e seu rosto vermelho. Com as mãos na testa, os cotovelos sobre os joelhos, sentado no meio-fio daquela ruazinha de paralelepípedos, parecia que seu desespero podia ser compartilhado com os poucos que passavam.<br /><br />Confesso que fiquei um pouco atordoada. Apesar de todas as discussões sobre as complicadas relações de gênero, estava chocada com aquela cena cujo protagonista era um homem. Levei alguns segundos ainda para voltar a dar conta de mim.<br /><br />A curiosidade e uma empatia inexplicável com aquele rapaz, agora, <span style="font-style: italic;">quase </span>desconhecido me fez entrar num café da esquina, pedir uma água e sentar na esperança de que sua tempestade passasse.<br /><br />As lágrimas, que se concentravam no queixo, formavam pequenas manchas escuras em sua calça.<br /><br />Depois de algum tempo, entrelaçou os dedos sobre a nuca, soluçou mais algumas vezes e respirou fundo. Levantou a cabeça e passou a olhar para um ponto indefinível, do outro lado da rua.<br /><br />Paguei minha água e levei a garrafa comigo. Aproximei-me dele e, como se quisesse sentar sobre os calcanhares, abaxei-me. Quando virou o rosto, percebendo minha presença, ofereci-lhe a água. Ele contraiu os lábios e piscou longamente. Pegou minha garrafa, levantou-se e esperou que eu fizesse o mesmo. Enfiou a mão no bolso e me estendeu um papel amarrotado.<br /><br />- Livra-se dele pra mim?<br /><br />Profundamente tocada pela situação, apoderei-me do que ele desprezava sem encontrar palavra melhor que o silêncio. Ele me virou as costas e partiu.<br /><br />Percebi que o que tinha nas mãos era, na verdade, um envelope.<br /><br />"Para a misteriosa Ana."Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-12309068869740990502009-09-25T23:32:00.006-03:002009-09-26T00:26:28.783-03:00si bemolTeve o privilégio de conhecer o piano muito cedo. Ninguém precisou convencê-lo a frequentar aulas de música. O prazer com que tomava as lições, repetia os exercícios, ouvia as histórias de grandes compositores enchia a professora daquela esperança tola que instrumentistas frustrados mantêm sobre seus filhos ou pupilos.<br /><br />E, certamente, não era ilusão. O pequeno tinha facilidade e vontade de aprender os mistérios daquelas sequências de frequências. Como toda criança, perdia-se no tempo. Durante os fins de semana junto aos primos, as partituras e os pedaços de marfim descobertos juntavam pó. Mas, nas poucas horas antes da aula, lembrava-se de estudar e tentava reaver a semana mal aproveitada. Mesmo assim, conseguia surpreender a tutora.<br /><br />O fato é que sempre estabeleceu uma comunicação muito franca entre as melodias que aprendia e que tinha no meio do peito. Era o que fazia com que nem umas nem outro permanecessem os mesmos. Deixava-se tocar pela música e fazia-se interpretar através dela.<br /><br />Mas as inconstâncias da adolescência fizeram-no abandonar os estudos.<br /><br />Poucos anos depois - largado o piano -, foi presenteado com um imenso incentivo: um violino. Desdobrou-se para conseguir dar conta das expectativas e surpreendeu-se quando se descobriu apaixonado. E a história se repetiu.<br /><br />Diante do fim do período colegial, o futuro que estava desenhado para ele era a faculdade. Ousou pensar em música e, por mil e uma razões, só ousou pensar. Adquiriu, então, uma vida dupla. A faculdade acumulou-lhe tarefas.<br /><br />De forma contraditória, a mudança de cidade lhe trouxe crescimento musical. Começou a ter aula com um dos melhores professores, passou na seleção para um grande conservatório, investiu nas aulas de teoria, ingressou na orquestra universitária, enamorou-se de uma flautista.<br /><br />O fim da faculdade expôs novamente o problema. Mas insistiu em morar fora até que terminasse o curso básico de música. Quase um ano depois, não pôde e nem quis recusar uma boa oferta de trabalho. Voltou para casa e sonhou poder continuar a trilhar dois caminhos. Não conseguiu.<br /><br />A partir daí, as poucas vezes que foi a concertos viu a orquestra com o olhar turvo. O precioso instrumento, dolorosamente inesquecido, sofria calado as ações do tempo esperando ansioso o momento de voltar a vibrar.Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-39819716789570342472009-08-13T08:15:00.002-03:002009-08-13T08:30:19.898-03:00o mesmoSabes aquele momento em que os olhos se águam levemente de desejo?<br />Acontece ainda comigo.<br /><br />A água na boca de excitação?<br />Está aqui, agora.<br /><br />Sabes aquele calor que aparece repentinamente no corpo, queimando um pouco do bom senso e fazendo me entregar sem pensar?<br />Ainda sinto, repetidas vezes.<br /><br />Continuo suspirando ao toque da tua mão no meu rosto e arrepiando quando ela desce lentamente.<br /><br />Reações nada extraordinárias. Não há situação mais comum no mundo dos homens e das mulheres. O que me marca é a recorrência... com você.Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-40718916842718183162009-07-19T05:41:00.002-03:002009-07-19T05:57:01.826-03:00triiiiimComecei a abrir os olhos e os fechei novamente. Perceber que estou na cama nunca foi impedimento para que continuasse assistindo aos meus sonhos. Acabam sendo momentos um pouco surreais os que me permitem ser telespectadora de mim mesma em situações um tanto quanto inusitadas. Mas, uma hora, o sonho acaba, como um filme gravado pela metade, e meus olhos se abrem definitivamente.<br /><br />Assustei-me com o horário. Hibernei. Séculos se passaram e eu não me dei conta. Vejo esse meu quarto,... minhas palavras trazem as cenas, de momentos antes, com Morfeu em minha memória. Esfregar as mãos sobre o rosto sempre parece ajeitar a casa.<br /><br />Vou abrir a janela, tomar um pouco d'água e volto. Eu espero.Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-57639966222583109192008-05-29T14:48:00.003-03:002008-05-29T15:28:25.738-03:00umFoi pega de surpresa naquela noite. É provável que nunca mais tivesse um momento tão marcante na frente de uma bilheteria de cinema. Ainda conseguia lembrar de como sentiu o beijo farto e quente em sua bochecha. Podia ver por trás das pálpebras os olhos verdes cheios de surpresa.<br /><br />Coincidências incríveis essas que nos apresentam ao nosso futuro. Ela não fazia idéia.<br /><br />Não foi difícil acomodar-se junto a seus amigos deixando um lugar vago ao seu lado. E não foi preciso comunicar a ninguém de quem era aquele espaço. Estranho e sublime magnetismo. Ao lembrar daqueles minutos, reconstituía o sorriso preso pelos lábios ao perceber que o corpo dele respondia como um espelho aos movimentos de seu corpo, no início da sessão.<br /><br />Pôde libertar os lábios quando, durante os trailers, ele comentou sobre o tapa-olho de Tom Cruise. Mas o sorriso largo reagia menos à piada e mais à toda aquela redoma de curiosidade, satisfação e fascínio que se instalou entre aquelas duas cadeiras.<br /><br />"O amor nos tempos do cólera".<br /><br />Quatro pessoas paradas no estacionamento e um momento de silêncio. Curto... quase imperceptível, mas ela compreendeu aqueles segundos como saturados de significado. Ele se despediu dela por último com aquele mesmo beijo único: "muito prazer em conhecê-la".<br /><br />Nunca se sabe <span style="font-style: italic;">como</span> plantar nós no peito. Só se sabe <span style="font-style: italic;">quando</span> eles vingam.Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-15538437429081201372008-03-12T20:33:00.002-03:002008-03-12T21:19:47.270-03:00sonhoO dia no colégio tinha sido chato. Aulas de matemática são bacanas quando o assunto é compreensível. As matrizes sempre o pegavam pelo pé. A amiga havia faltado.<br /><br />Saiu daquela muvuca na porta da escola com um ar meio pesado. O dia estava diferente dos normais, sempre marcados pelo sorriso maroto no rosto. Despediu-se rapidamente dos amigos, não estendeu nenhuma conversa.<br /><br />Desistiu de pegar o ônibus, preferiu andar. Foi subindo a ladeira da rua comprida que daria na sua casa. Ele gostava do esforço extra nas pernas.<br /><br />De repente, o céu fechou. A ventania chegou rápido arrancando muitas folhas secas das árvores.<br /><br />O garoto já foi se preparando para a tempestade. Da mochila que carregava com as duas mãos segurando as alças nos ombros tirou o guarda-chuva. Mais uns cinco passos e a água caiu. Muita. Tanta, que ele resolveu esperar a crise mais forte passar debaixo da marquise da padaria.<br /><br />Fez um pequeno esconderijo: sentou na soleira da entrada, colocou o guarda-chuva na sua frente e se encolheu no abrigo improvisado. Depois de uns 10 minutos, o toró virou chuvisco e o menino retomou seu rumo.<br /><br />Chegou no topo da ladeira e percebeu quanta água tinha caído. Corredeiras se formaram entre o meio-fio e a rua asfaltada. Começou a saltar poças, transpor córregos. Mas não demorou muito para perceber que não fugiria das águas que corriam cada vez mais depressa na descida.<br /><br />Então lembrou das histórias de que mais gostava, dos heróis preferidos e virou o guarda-chuva. Pousou-o sobre uma das corredeiras e sentou na parte interna, envolvendo a estrutura metálica com as pernas. Usou o cabo como manche. Assim desceu as cinco quadras ladeira abaixo. Como numa aventura dos quadrinhos que sempre lia.<br /><br />Rapidamente chegou em casa, mas com o guarda-chuva destruído e as roupas encharcadas.<br /><br />Assim, a manhã que havia terminado desanimadora, transformou-se num dia delicioso e único. Depois da preocupação e do carinho maternos, um banho quente e um almoço com banana frita e farofa, deitou no sofá sentindo a brisa fresca vinda da janela. Puxou uma colcha, agarrou uma almofada e dormiu.Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-53502455554192707152008-02-26T09:15:00.002-03:002008-02-26T09:31:24.849-03:00exílioEu decidi sim. Resolvi me afastar mais uma vez. E quer saber?! Arrependimento bateu à minha porta. Bateu forte, dolorido. Rasgou meu coração várias vezes, desde que cheguei aqui.<br /><br />Rasgar é um verbo perfeito para o acontecido, aliás. Nunca havia sentido isso com tamanha nitidez.<br /><br />Chega uma hora em que tua alma te pede para priorizar a felicidade. E eu odeio o mercado por isso. O tal mercado de trabalho. Não fosse por ele, eu provavelmente não estaria aqui. Mas não é culpa dele, é claro. A única responsabilidade é minha e vou assumi-la, mesmo doendo tanto o meu coração. Mesmo querendo tanto a minha pele a pele dele. Mesmo sem poder ver minha família a hora em que eu bem entender.<br /><br />O sol está brilhando lá fora. Eu vou atender ao chamado dele daqui a pouco. Logo depois que as lágrimas secarem. Antes do meu estômago me dizer chega. Assim que eu juntar os pedacinhos que estão nessa cama.<br /><br />Pode até parecer impossível, mas eu consigo.Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-91809341156736825042008-01-22T23:33:00.000-02:002008-01-23T08:52:49.072-02:00mexe com quem tá quieto...Já conversavam por horas e horas. Divertiam-se um com o outro.<br /><br />A cada momento, o impulso que ele sentia em direção a ela parecia mais difícil de segurar. Mas não tinha certeza do que ela sentia por ele, então agüentava o tranco, engolia o desejo.<br /><br />Depois do jantar, sentaram-se no sofá. Ela tirou as sandálias e sentou com as pernas encolhidas para o lado. Deixou a garrafa na mesa em frente e dividiu o resto do vinho nas taças. Quando a sua secou, deixou-a também na mesa. Repousou o braço na parte alta do encosto e deu apoio à cabeça com a mão.<br /><br />Por um instante, ele perdeu o rumo da conversa. Ela piscou lentamente e manteve um sorriso sutil. Silêncio.<br /><br />Nervoso, ele recomeçou a falar, mas finalmente percebeu o olhar dela fixo para seus lábios.<br /><br />De repente, engoliu o resto do vinho, largou a taça e puxou-a para perto pela cintura.<br /><br />...<br /><br />- Esse beijo me deixou completamente amolecida.<br /><br />- Engraçado...<br /><br />Sussurando no seu ouvido, ele disse:<br /><br />... comigo aconteceu um pouco diferente...Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-67521363213332034432008-01-16T13:29:00.000-02:002008-01-16T13:34:43.690-02:00inícioQuando se aposentou, nem considerou a possibilidade de parar de trabalhar. Era muito novo ainda. Sentia-se muito novo ainda.<br /><br />Ficou mais dez anos com o escritório. Nos primeiros anos acabou até aumentando o ritmo de trabalho. Depois, aprendeu a dosar. Muito mais coisas se tornaram triviais.<br /><br />Mas chegou o dia em que começou a pensar que seria bom aproveitar o restante da vida... sem os compromissos alheios à sua vontade... sem a beca usual... sem os ambientes de ar condicionado.<br /><br />Organizou uma lista com os contatos de seus principais pupilos. <span style="font-style: italic;">Meu filho bem que podia estar aqui.</span> O rapaz tinha escolhido jornalismo. <span style="font-style: italic;">E saiu revolucionário, vá entender.</span> De agora em diante, passaria seus clientes para eles.<br /><br />Quando chegou em casa, na sexta-feira, sentou na poltrona confortável do escritório e suspirou profundamente. Deve ter ficado uns dez minutos ali, ouvindo o silêncio. Levantou-se, abriu o armário ao lado do arquivo, catou dois CDs e ligou o computador. Há tempos não via aquelas fotos. Mas o que realmente lhe chamou a atenção foi uma pasta de páginas html. Ao abrir, foi atropelado sentimentalmente por um antigo blog. Vasculhou quase todos os posts.<br /><br />Saciado, abriu o último que publicou em tela inteira. Encostou-se na cadeira, apoiou o cotovelo na mesa e alisou a pele escanhoada do rosto sem tirar os olhos do monitor.<br /><br />De repente, foi em busca do celular.<br /><br />- Lembra aquele trato? Partidas de xadrez são minhas, as de damas são tuas. Você leva as peças? Vou comprar uma boa garrafa de vinho e vou reservando uma mesa na praça. Beijo.Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-85455694154874076212008-01-04T01:36:00.001-02:002008-01-04T01:38:12.513-02:00pronta<p class="MsoNormal">Nada aconteceu. A oportunidade de dar um tapa na solidão se colocou à frente dela durante horas e horas seguidas. Intermitentemente. Insistentemente. Mas ela olhou nos olhos da sorte e deixou-a passar.<o:p></o:p><br /></p><p class="MsoNormal"><br /></p> <p class="MsoNormal">Não era birra ou conservadorismo. Não era medo, de forma alguma. Pela primeira vez na vida, quem sabe, ela tenha ficado feliz de não ter feito nada.<o:p></o:p><br /></p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal">Sentiu-se forte. Sentiu-se esplêndida. Estava só, convictamente, mas não porque queria estar só. Ela não queria mais uma companhia.<o:p></o:p><br /></p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal">A que realmente queria... não o tinha encontrado... ainda.</p>Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-45636441858572119182007-12-25T15:01:00.000-02:002007-12-26T13:00:45.588-02:00coisinhas antigas... de presenteEntão vamos lá. Hoje é Natal e esse blog vai comemorar também. Vou aproveitar e cumprir a tarefa que <a href="http://laudanoeabsinto.blogspot.com/2007/12/relembrar-viver-3a-regra-do-livro.html">um novo amigo</a> me passou, "renascendo" 3 posts.<br /><br /><blockquote>“Bem simples, você deverá escolher os 3 posts que você mais gostou no seu blog e linká-los devidamente. É uma oportunidade aos visitantes novos tem de ver o seu trabalho, ou de resgatar aquele post que você adorou, mas ninguém mais viu porque seu blog tinha uma semana de vida e nem seu melhor amigo acessava. Você irá repassar para apenas 3 blogueiros, pois assim você não deixará seu coleguinha de cabelo em pé pra arranjar alguém que já não tenha recebido o meme. Você irá copiar esse parágrafo inteiro da forma original, para que não aconteça o efeito telefone-sem-fio e comecem a repassar o meme pra 20 parceiros simultaneamente." (original em <a href="http://desalto.blogspot.com/2007/12/qual-meu-post-favorito-e-o-seu.html">B.</a>)</blockquote><br />Do mais antigo para o mais recente:<br /><a href="http://coisas-minimas.blogspot.com/2006/02/que-remdio.html">que remédio?</a><br /><a href="http://coisas-minimas.blogspot.com/2006/03/232749.html">23:27:49</a><br /><a href="http://coisas-minimas.blogspot.com/2007/02/dentro-do-espelho.html">dentro do espelho</a><br /><br />No fundo... acho que não escolheria os mesmos, se fizesse isso novamente. Enfim...<br /><br />Passo o convite para o <a href="http://mafaldahomemcatraca.zip.net/">Beto</a> (um incentivo para ele ressuscitar o blog dele), para o <a href="http://sulcodegrafite.blogspot.com/">Wlad</a> (podem ser charges, não é?!) e para o <a href="http://kaleidoskopio.blogspot.com/">Túlio</a> (apesar de achar que estou fazendo sacanagem com ele, pois sei o quanto vai ser demorado para escolher os posts...).Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-56085988313514514112007-12-17T14:01:00.001-02:002007-12-19T17:27:44.554-02:00vantagens do riscoPeguei um táxi da rodoviária ao aeroporto. Teoricamente, precisaria me apresentar em 5 minutos no check-in e pensei que não seria nada prudente arriscar pegar o ônibus. Perfeito.<br /><br />- O Sr. pode me levar até o aeroporto?<br /><br />Não gosto muito de papo com taxista, mas... costumo ser simpático. Depois de meia dúzia de amenidades, justificou-se por não passar no amarelo e começou aquela conversa de motorista indignado.<br /><br />- Os polícias tão multando tudo. Outro dia, levei duas senhoras no shopping. Parei o carro... eu tava segurando o cinto e o cara me multou. Disse que eu tava dirigindo sem cinto, acredita?! Depois fiquei sabendo que, no mesmo horário, o cara também me multou por andar na contra-mão. O desgraçado implicou comigo. Tudo mentira.<br /><br />- Nossa... que chato...<br /><br />A corrida não era curta. Pude ouvir bastante, sempre me mostrando atento com interjeições vazias de um tímido, mas educado, apoio.<br /><br />Reparei, logo na partida, que ele havia alterado o taxímetro para a bandeira 2. Eram 9h da manhã, pensei. Olhei o adesivo, no vidro traseiro do carro, ao meu lado esquerdo... Ele realmente deveria estar com bandeira 1. Mas o papel colado denunciava: "Para percursos fora do perímetro urbano (ex. Aeroporto Afonso Pena), poderá ser cobrado até 30% a mais como taxa de retorno".<br /><br />Fiz as contas... Se, na bandeira 1, é 1,60 por km rodado e, na bandeira 2, são 2,00 por km rodado, a cobrança era até inteligente. O cara estava me cobrando o máximo, mas estava me cobrando certo.<br /><br />Quando finalmente chegamos, o taxímetro marcava 38,50. Peguei uma nota de 50,00, esperando receber 10,00 em troca.<br /><br />- É pra empresa ou é pra você mesmo?<br /><br />- Pra mim mesmo.<br /><br />Disse que faria um desconto especial, então. Dando-me uma nota de 5 como troco, disse que não cobraria os 30% inteiros.<br /><br />Olhei atônito. 9h40min. Imbecilmente, vesti minha roupa de palhaço e fechei a porta do carro. Quando dei o primeiro passo, pensei que era indignante não reclamar. Ajudei o mundo a ficar pior naquele instante e fui me preocupar com meu check-in. Tentei consolar minha mente idiota pensando que era a pressa.<br /><br />Cheguei no balcão da empresa aérea. O vôo estava atrasado. Quando o avião chegou, eram 10h50min. O piloto identificou um problema na válvula seiláoque de seiláquallado. Solicitaram manutenção.<br /><br />Agora estou em aqui. 11h57min. Culpando-me por não ser ousado.Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-15308796215849072482007-12-06T15:38:00.000-02:002007-12-06T15:43:58.504-02:00cobiçaDesejo tua boca como quem quer devorar água depois de andar quilômetros em pleno meio dia, sob o sol escaldante do verão.<br /><br />Mas minha sede não é de água. Quero provar da tua saliva.<br /><br />Queria lamber a tua língua e sentir teus braços aquecendo as minhas costas. Sentir-me espremida contra ti.<br /><br />Tua boca me enlouquece e os teus lábios parecem tão firmes... tão incríveis.<br /><br />Por mais que te chateies... da próxima vez que te encontrar, não posso deixar de matar esse desejo. Não terás boca pra reclamar.Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-14272569.post-24035113086342309622007-11-19T21:15:00.000-02:002007-11-20T08:21:56.157-02:00faca sem fioPulmões cheios da água salgada que quase nunca pode se aventurar a sair. Cheiro de vazio. A cabeça pesada não consegue esmagar o vácuo que não desaparece nem com a ajuda das mãos ao pressionarem o peito.<o:p> </o:p> <p class="MsoNormal">Dor intempestiva a da perda. Tamanho fôlego de vendaval no curso das ondas de escuridão afetam os nervos.</p> <p class="MsoNormal">Vitrine única, a pele é um filtro quase perfeito. Mas será que só escapam os tons de dourado?</p>Helena Máximohttp://www.blogger.com/profile/02271671387382335043noreply@blogger.com2