fevereiro 01, 2006

caríssimo,

Elas voaram na minha frente. Assim. Sem ao menos respeitar o tempo de exposição do virtual negativo. Ficou tudo tremido mesmo. Voaram como ele voou. Como o tempo dele comigo. Como o meu tempo comigo mesma. É impressionante como os momentos que se tornam eternos na minha memória sempre me parecem tão efêmeros quando estão no meu presente. Tornam-se passado muito mais rápido do que eu gostaria. Mas eu sinceramente gosto de olhar as marcas de deixei pra trás nesse caminho. Contemplá-las. Depois voltar a olhar à frente, por mais que não saiba o que vai acontecer, confiando que cada passo dado com um equilíbrio entre cautela e ousadia passe a se tornar mais uma marca iluminada na estrada que vou deixando. Lembranças.

Mas é bem provável que as trinta-réis de bico amarelo não tenham percebido a marca que deixaram na minha máquina. Muito menos desconfiam da sua passagem por esse caminho. Sorte a delas. Imagino como seria complicado conhecer todas as marcas que deixamos ao atravessar inúmeros caminhos invisíveis.

Elas eram lindas, caríssimo. A manhã também. Espero que consigas imaginar pelo borrão.

Beijo.


Um comentário:

Anônimo disse...

Amada,

Essas gaivotas são despeitadas. Mas eu te mostrarei outras, mais tímidas, mas mais sinceras, que não fazem pose e fogem da foto. Vai ser no dia que eu te mostrar que o sol nasce dentro do mar e se pôe nas colinas além, do outro lado do rio.

Mais do que marcas na estrada, deixamos marcas um no outro pelo impacto que causamos na brevidade dos nossos momentos, ao ponto de eu, hoje, ser também um pouco de você.

Sorvi e absorvi um pouco da teua essência, amada. Já não sou mais eu mesmo.


Beijão.