Poderia ter sido uma história comum. A moça iria para o cinema e ficaria curiosa sobre a trilha sonora. Ao permanecer sentada durante os créditos, veria aquele rapaz, com os cabelos encaracolados, e dividiria sua atenção entre as obras e seus compositores e os cachos e aquele elástico. Mas sairia do cinema sem cumprimentá-lo. Quem sabe, o encontraria novamente, dali a alguns meses, num restaurante japonês ou numa casa de boliche. Numa peça de teatro ou num concerto. Passeando pelo Eixo Monumental, ele, distraído, olhando para cima, esbarraria nela e ela pediria desculpas. Ela notaria a gargalhada dele. Ele ficaria curioso sobre aquele jeitinho de levantar na ponta dos pés.
Mas isso é subjuntivo.
No indicativo, numa multidão de possibilidades, as letras dele esbarraram com as dela. Entre um uivo e outro, as imagens que se formavam entre aqueles três espelhos em triângulo lhe chamaram a atenção. Aconteceu tudo ao contrário. Do fim para o começo, conheceram letras, voz, imagem, pele e cheiro. De trás pra frente na exposição, já tinham bebido metade da água quando conseguiram ver o copo.
Complexo, não?! Não mais do que desafiar a distância, que convive com uma estranha proximidade desses dois corações enlaçados.
3 comentários:
Esses espelhos em forma de triângulo... que imagens se formam? O que eles vêem?
E não precisaram dizer nada, pelo menos não naquele primeiro instante.
Tem gente que só consegue fazer as coisas de trás pra frente. Quem sabe não é por isso que tudo fica mais interessante. Quentin Tarantino que o diga!
Por falar nele, assisti Cães de Aluguel. Violento, mas muito bom.
E no Imperativo? Posso completar? Seguindo os passos de Jesus:
- Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.
:^)
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